Projeto amplia renda de trabalhadores autônomos no DF


Pequenos empresários foram procurados -e achados- por inciativa que transformou a vida de muitos deles; oportunidades continuam


A renda de mais de 700 comerciantes das 17 Regiões Administrativas (RA´s) com menor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Distrito Federal foi multiplicada após a visita de agentes do Estado que, de porta em porta, identificaram e aprimoraram o potencial de cada um.
"Eu sabia o que queria fazer, mas não sabia se era viável. Hoje ganho um salário que não acreditava (poder ganhar)", afirmou Francisca dos Santos, costureira que sustenta quatro filhos com a renda de uma pequena confecção de bonecas montada em sua casa, no Itapoã.

Ex-empregada doméstica, Francisca aprendeu a costurar sozinha, "orientada" pelas roupas e bonecas de pano que desmanchava para saber como eram feitas.
Se isso parece difícil, imagina o incômodo que ela sentiu quando foi chamada de burra pela professora na única vez que pode fazer um curso de confecções em crochê.

A ofensa não a fez desistir, pelo contrário, o episódio aumentou sua persistência em busca do que pudesse ajudá-la a melhorar de vida: passar de empregada doméstica a microempresária.
Tudo mudou quando ela foi "encontrada" pelo projeto Territórios da Cidadania, iniciativa da Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae) em parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF), e foi com o projeto que Francisca dos Santos aprendeu a calcular os preços de venda das bonecas.

"Antes eu vendia pelo dinheiro que precisasse, e agora eu sei quanto custou e quanto eu preciso ganhar para o negócio ser viável", analisou, ao enaltecer o trabalho da consultora de apoio do Sebrae Edna Maia.
Segundo a consultora, primeiramente são identificadas as lideranças do lugar de atuação, e ela confessa que, às vezes, se envolve "um pouco mais" com o cliente ao estabelecer uma relação tão próxima que lhe permite sugerir caminhos.
Edna Maia é a mesma consultora que acompanhou, do outro lado do DF, a empreendedora Mirian Aparecida de Souza, dona de uma pequena creche localizada no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria.
Considerada uma das regiões mais pobres e violentas do Distrito Federal, a região do condomínio Porto Rico abriga famílias que vivem em condições de extrema pobreza.
"Os pais não têm condições e, quando podem, me pagam com algum serviço", relatou Mirian, ao apontar obras realizadas na creche que foram feitas por pedreiros e carpinteiros que têm filhos matriculados no estabelecimento.
Mirian considera que, mais do que um negócio, a creche representa um trabalho social, mas reconhece que isso a deixou em situação financeira complicada no ano passado, e que o atendimento recebido pelo projeto Territórios da Cidadania foi fundamental para reverter o problema.
"O projeto me ajudou com a organização interna, que inclui planilhas de gastos e investimentos", revelou Miriam Aparecida, ao lembrar a relação de confiança que estabeleceu com pais desempregados, mas sem perder o foco do próprio negócio.

Hoje, a creche de Mirian está em fase de ampliação e emprega 13 funcionários, além de atender bem a clientela.
Ao notar a presença da equipe de reportagem da Agência Brasília, Regis Cardoso de Freitas, pai do aluno Davi Freitas (6 anos), destacou o trabalho desenvolvido no local: "Percebi que as professoras e a diretora são o mesmo que mães. Elas cuidam, dão amor, carinho e respeito", afirmou.
Uma das últimas "clientes" do projeto Territórios da Cidadania, Ana Lúcia Soares da Silva é proprietária de um estabelecimento na expansão de Samambaia, que revende produtos agrícolas para áreas rurais.
Ela participa há pouco tempo do projeto e confessa que chegou a acreditar que as oficinas –ministradas à noite, depois do expediente na loja- seriam chatas.
"Foi tão bom que até esqueci a hora", entusiasmou-se Ana Lúcia, ao afirmar que deseja dobrar o tamanho do estabelecimento nos próximos meses.
Apesar do fim do projeto Territórios da Cidadania no DF, o gestor do programa Thiago Rodrigo Barros explicou que as cidades não incluídas estão em fase de análise e estudo pelo Sebrae para uma possível extensão de atendimentos.

Ainda de acordo com Thiago Barros, os empreendedores interessados nos cursos de capacitação podem procurar pelos Agentes de Desenvolvimento Territorial nas administrações regionais, ou pelo próprio Sebrae, que estão sempre à disposição para fornecer as mesmas orientações prestadas pelo projeto.

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