A homossexualidade com distúrbio de comportamento



O ser humano nasce homossexual ou é influenciado pelo ambiente em que vive? Seja qual for a resposta, o fato é que o debate sobre a origem da orientação sexual é hoje um dos mais quentes da atualidade. E o assunto chega, muitas vezes, à religião.

A polêmica sobre a chamada cura gay tem sido tema de reportagens do Jornal de Brasília. Para representantes de doutrinas religiosas, a homossexualidade é considerada um desvio de conduta e requer tratamento. Já os militantes das causas gays apontam que essa teoria não tem fundamento e que a orientação sexual é uma característica inerente de cada ser humano, como a cor dos olhos, por exemplo.

“A homossexualidade é um distúrbio de comportamento”. Quem afirma é o presidente do Conselho de Pastores do Distrito Federal (Copev-DF), Josimar Francisco da Silva. Segundo ele, a igreja acredita que a homossexualidade é motivada pelas experiências vividas. “Não temos base bíblica para afirmar que a pessoa nasce gay. O ser é produto do meio em que vive. Muitas vezes, ele pode ter uma tendência e alguém alimentou isso durante a infância”, declara.

De acordo o representante dos pastores, quando um integrante da igreja declara sentir-se atraído por pessoas do mesmo sexo, ele é encaminhado para um grupo de apoio, que tem o objetivo de auxiliá-lo no processo de transformação.

“Nesses grupos, prestamos auxílio a pessoas que desejam se livrar das drogas, da criminalidade, entre outros distúrbios. Fazemos um acompanhamento de perto com essas pessoas”, explica.

Traumas
Silva argumenta que a maioria dos fiéis    homossexuais têm histórico de traumas. “Muitos sofreram abuso ou passaram por acontecimento traumático. Mas a Bíblia tem o poder libertador e o papel da igreja é ajudar as pessoas”, diz.

Segundo ele, a homossexualidade não é vista como algo normal. “É totalmente fora da normalidade. Por exemplo, uma pessoa que tem relações com animais não é normal. Dessa mesma forma vemos os indivíduos que sentem atração por pessoas do mesmo sexo. Deus criou a mulher para o homem”, dispara.

Mudança sem imposição
Segundo o pastor Josimar Francisco da Silva, mesmo sendo contra a prática homossexual, a igreja não obriga os fiéis a mudarem de postura. “Nosso papel não é discriminá-los, mas sim abraçá-los. Afinal, nunca sabemos ao certo o que tem por trás de determinada escolha. Por isso, se ele quiser viver dessa forma, não o obrigamos a mudar”, ressalta o presidente do Conselho de Pastores do Distrito Federal (Copev-DF) .

O evangélico declara que a igreja tem protagonizado inúmeros casos de cura gay. “Se a pessoa realmente quiser mudar, a cura é possível. Nossos grupos de apoio contam com bons resultados. Somando todos os casos, entre dez pessoas que nos procuram, oito conseguem se recuperar”, assegura.

Livre Arbítrio
Para o bispo Robson Rodovalho, fundador e presidente do Ministério Sara Nossa Terra, a liberdade que Deus deu ao homem deve ser respeitada. “As pessoas devem viver conforme o jeito que acham que é certo. Mas se ela desejar deixar de ser gay, tem o direito de buscar ajudar. Ou seja, ela tem liberdade para sair e se transformar”, afirma.

Segundo Rodovalho, a igreja tem a função de apoiar as pessoas que desejam abandonar a homossexualidade. “É um caminho errado que pessoa tomou. Geralmente, em função de algum desencontro da vida, ela segue esse caminho que não vai fazê-la feliz”, avalia.

Ex-travesti comemora vida nova
Quem vê o missionário Claiton Lima hoje não acredita que há quatro anos sua vida era totalmente diferente. “Entrei na homossexualidade aos 17 anos. Fui molestado quando criança, isso me causou depressão e acabei entrando nesse caminho. Mas nos últimos quatro anos, Deus transformou a minha vida”, declara.

Segundo Claiton, sua vida foi marcada por episódios tristes. “Comecei a me prostituir, me transformei em travesti e mudei meu corpo todo. Nesse tempo, também entrei no mundo das drogas”, conta. Ele relata que a igreja o mudou. “A minha sexualidade foi restaurada pelo Senhor. Hoje, não tenho trejeitos e não sinto nenhum tipo de atração por homens”, afirmou.

Questionamentos
Para a militante das causas de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) Kathlen Amado, 24 anos, a teoria de cura da homossexualidade não tem fundamento. “Isso é um completo absurdo. A ciência explica isso. Não existe cura. Trata-se de uma orientação sexual”, declarou.

Segundo ela, a homossexualidade não é uma escolha. “Existe a bissexualidade. Nesse caso, a pessoa tem relacionamentos heterossexuais e homossexuais. Mas ela não pode afirmar que está curada, pois não deixa de ser o que já foi”, diz.

Em nome de Deus
De acordo com o também militante Thiago Venuto, 27 anos, alguns pastores usam o próprio preconceito utilizando o nome de Deus para convencer as pessoas. “É uma forma de controlar os fiéis. Eu já fui à igreja evangélica e me sentia mal com a minha opção. Mas com o passar do tempo fui me aceitando. Entendi que Deus não pode recriminar o amor”, declarou. Ele ressalta que não acredita na cura dos homossexuais.

Feliciano adia votação
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, pastor Marco Feliciano (PSC-SP), decidiu cancelar a reunião marcada para hoje que votaria o projeto que permite psicólogos promoverem tratamento com o fim de curar a homossexualidade.

O deputado atendeu a um pedido do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os dois se reuniram na noite passada.

A justificativa oficial é que a Casa deve passar por um dia tumultuado, e diante dos protestos enfrentados por Feliciano há riscos de segurança para os parlamentares.

A assessoria do deputado informou que a pauta apenas foi transferida para a   quarta-feira da semana que vem.
Antes do encontro, Feliciano conversou com jornalistas e garantiu que a pauta estava confirmada.  "Não posso engavetar projeto. Seria covardia se fizesse isso", disse. "A comissão tem que trabalhar, não tem nada na comissão, não posso só ficar fazendo audiência pública. Esses projetos precisam ser analisados", completou.

A comissão é dominada por parlamentares ligados a segmentos religiosos, especialmente evangélicos. Feliciano negou que a discussão sobre a  cura gay seja uma provocação aos ativistas, que há mais de dois meses o acusam de racismo e homofobia e cobram sua saída do posto. 

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